“Dize-me com quem andas e eu te direi quem és”, acho que este é um dos ditados mais conhecidos do universo, talvez porque ele realmente seja verdade. Nunca andei tanto com uma única pessoa como neste ano, literalmente e emocionalmente falando.
Andar com alguém gera conversas, conversas geram descobertas, descobertas geram experiências, experiências geram sentimentos, sentimentos geram emoções, emoções geram muita coisa, e geraram este texto, fruto da união de dois corações, do meu e de um outro para qual dedico este texto e reflexão.
Às vezes eu tenho tanto, mas não compartilho. Jesus tinha um pão e dividiu no meio (João 6:11), às vezes eu tenho três e ainda quero passar nutella. Aí vem uma cajadada na cabeça : “PRA QUE VOCÊ QUER NUTELLA ” Os norte coreanos estão comendo grama no chão, o seu nutella de todo mês valia um almoço lá. Que ingratidão. Que insatisfação. Estamos rodeados de seres insatisfeitos. Estou rodeado de um Lucas insatisfeito que me ronda todos os dias perguntando por mais.
Eu devo dizer que é muito difícil se desprender do capitalismo e das coisas que acostumamos ter e possuir para nós mesmos. É difícil abrir mão do meu para aceitar o nosso. Mas paro um pouco comigo pra pensar... porque cresceu tanto campanhas sobre a valorização do ser humano? Da natureza? Do ser? Da vida? Porque Nós perdemos o valor. Nós perdemos a essência no caminho. Nós perdemos o olhar. O olhar simples e verdadeiro. O olhar profundo e penetrante. O olhar sereno e calmo. Aquele olhar que abraça sem dizer nada. As pessoas não conversam mais olhando olho-no-olho, não existe mais isso. Não temos mais atenção nos detalhes. Nós perdemos o Olhar. E como resgatar isso?
Precisamos entender que todo mundo tem uma centelha da eternidade dentro de si, e Jesus via partículas dele mesmo nos outros, Ele via dentro de uma prostituta, dentro de um bêbado, dentro de um cego, uma molécula dele, quase parte de seu DNA. Parte do barro que saiu da palavra “haja” do seu Pai estava ali diante dele (Mateus 9:36 ; Mateus 25:31). Nós vemos padrões. Não vemos pessoas. Não vemos sequer uma molécula de Jesus em alguém.
E o padrão se define em 3 Gêneros :
- Os influentes – Famosos, músicos, artistas, Inteligentes, Pessoas Bem sucedidas,
- O que todos querem ser. Os Buscadores de Influência– Toda população em geral que não está no primeiro gênero e busca estar.
- Os sem padrão – O restante que não possui condições para ter algo que os 2 outros gêneros tem, seja roupa, comida, tecnologia, ciência ou educação. Todos os 3 sofrem crises perturbadoras.
O primeiro grupo de pessoas sofre a pressão de ser o padrão que todos querem ser. Eles precisam do corpo perfeito, da foto perfeita, da roupa do patrocínio ou da marca da moda, eles não podem estar irritados, tristes, magoados, decepcionados ou abalados emocionalmente, eles precisam estar 24 horas sorrindo, rindo, mostrando algo que eles internamente nunca são.
O Segundo grupo de pessoas sofrem a frustração de nunca alcançarem o padrão do Primeiro grupo – Eles nunca têm o corpo perfeito, a foto perfeita, a roupa melhor, eles ficam irritados, tristes, magoados, decepcionados e abalados emocionalmente enquanto eles veem suas referências sorrindo, rindo mostrando algo que eles internamente nunca são.
O terceiro grupo de pessoas sofre o abandono dos demais – Eles não fazem parte de nada, eles não possuem nada, e acham que não tem nada para oferecer, e por isso, eles ficam irritados, tristes, magoados, decepcionados e abalados emocionalmente enquanto eles veem os outros grupos sorrindo, rindo mostrando algo que eles internamente nunca são.
Precisamos desfazer os padrões (Oséias 4:06). Conhecimento – Da’ath – Conhecimento por experiência – Encontro.
Já Sabemos Demais. As pessoas se tornaram sanguessugas de conteúdo. Tudo no mundo gira em torno do comércio por mais conteúdo. Mais google. Mais youtube. Mais música. Mais entretenimento. Mais Netflix na veia. Série, série, notícia, notícia, comédia, comédia, vídeo, vídeo, notícia, mundo, curiosidade, curiosidade, curiosidade, música, música, dica, dica, receita, receita, conteúdo, conteúdo, filme, filme, filme, série, novela, filme, reality show, reality show, notícia, conteúdo, conteúdo. Isso tudo está destruindo as pessoas.
O excesso à informação e a facilidade para ela faz cada dia mais os homens se afastarem do Éden. Lá naquele jardim, se você se lembra, nós não sabíamos de muita coisa, mas tínhamos tudo que precisávamos. E era o melhor lugar do mundo não era? Tudo que a gente precisa é desconhecer as coisas. Conhecer muito é algo extremamente bom, mas nos tornamos deuses de nós mesmos. As pessoas se tornam deuses. O problema não é o conteúdo em si. O problema é que não sabemos lidar com isso. Não sabemos lidar com o conhecimento (Ezequiel 28:13-18)
Só Deus sabe lidar com o “Tudo ver, tudo saber, estar em todo lugar”. Não sabemos lidar com o Skype, WhatsApp, Google, Conteúdo Demais. Porque temos orgulho. Temos pecado dentro de nós. O Conhecimento que recebemos muitas vezes já vem corrompido de outro alguém, e se corrompe ainda mais em nosso interior. Ah, se todo mundo soubesse que o retrocesso é o verdadeiro avanço. Se todos pudessem entender o que eu estou tentando dizer. Desconhecer. Não saber mais nada.
Um outro grande problema que surge no excesso do conhecimento é a falta de prazer verdadeiro (Provérbios 27:7). As pessoas não sentem mais prazer. Por exemplo, eu conheço muito sobre música, e quanto mais eu conheço mais eu perco o prazer pela música simples, porque eu sei muito sobre notas, arranjos, melodias, ritmos, logo, eu perco a sensibilidade que eu outrora tinha ao ouvir uma música. Lembro-me da primeira vez que escutei o som de um violoncelo. Eu me emocionei muito com uma nota apenas daquele instrumento. Hoje, para me emocionar com o mesmo instrumento, eu preciso de muito mais que uma nota soando. Eu já conheço. Eu perdi o surpreendente sentimento de descoberta e surpresa. Começamos ver com outros olhos.
A Torre de Pisa tem um prazer imenso para mim se eu visitar ela pessoalmente. Mas não tem o mesmo prazer para um arquiteto eu diria. Porque ele tem cálculos e conhecimentos mil para justificar sua inclinação e o porquê ela ainda está de pé. E fica até chato apreciá-la por muito tempo, pois ele sabe os processos, ele sabe sobre os tijolos e as posições. Ele não vê a mágica. E perceba, que isso é em todas as áreas da nossa vida, poderia ficar falando aqui para sempre sobre cada profissão e cada objeto ou algo que nos traga prazer na vida.
Quanto mais conhecemos algo ou alguém, a armadilha pode estar em perder o prazer e é isso o que acontece em muitos casais. Quando um casal se conhece profundamente um ao outro, eles perdem o prazer e a sensibilidade do início, porque eles sabem tudo sobre o outro, ou melhor, eles acham que sabem. Mas aí entra algo inconfundivelmente melhor do que tudo que eu já conheci e experimentei em minha vida: O conhecimento espiritual, que é infinito.
O conhecimento físico, externo e sentimental pode chegar em seu nível máximo, mas o espiritual não, as almas das pessoas são infinitas e eternas, nunca vamos parar de conhecer a alma de alguém, porque ao contrário dos sentimentos, do físico, do externo, e da aparência, ela não tem tamanho e não está presa ao tempo-espaço. E sabe porque não tem tamanho? Porque nela cabe Jesus. E a Bíblia diz que nem o Céu dos céus pode contê-lo (2 Crônicas 2:6 - Isaías 57:15),
"Não sabei vós que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é santo" (1 Co 3.16, 17).
E se os céus dos céus não podem contê-lo e ele ainda assim habita dentro de nós, a sua alma é maior do que os céus.
BUUUUUM. EXPLOSÃO.
Texto: Lucas Santos