Tensões familiares e as festas de fim de ano

29.12.11


Nós tendemos a idealizar essas festas, mas a depravação humana não hiberna na semana entre o Natal e o Ano Novo. Uma coisa que vai atingir a maioria dos cristãos, mais cedo ou mais tarde, são as tensões comuns nas famílias no final do ano.
Alguns de vocês vão visitar familiares que desprezam a fé cristã e são completamente hostis a ela.
Outros são casais que tem o ninho vazio e agora tem genros e noras para se ajustar, e talvez até mesmo netos que estão sendo criados, bem, não exatamente da forma como os pais deveriam fazer. Outros ainda são jovens casais que estão descobrindo como não se ofender com os familiares que estão olhando para o calendário, para ver que lado da família ganha mais atenção na balança. E outros são pais de primeira viagem, tentando ensinar seus filhos a se contentarem com o que possuem quando começa aquele desfile de presentes caríssimos na casa da tia Judite.
E, é claro, sempre acontece aquele tipo de coisa que acontece quando pessoas pecadoras entram em contato umas com as outras. Alguém pergunta “Quando nasce o bebê?” para uma mulher que não está grávida ou alguém detona seu político favorito ou… Bem, você sabe.
Aqui estão alguns rápidos pensamentos dos quais os seguidores de Jesus devem se lembrar, especialmente se você tem dificuldades na situação familiar.
1) Paz. Sim, Jesus nos disse que seu evangelho traz uma espada de divisão, e que às vezes isso divide as famílias (Mateus 10.34-37). Mas há uma diferença entre a divisão do evangelho e a divisão carnal (veja 1 Coríntios 1, por exemplo). O espírito traz paz (Gálatas 5.22), e os filhos de Deus são pacificadores (Mateus 5.9). Assim, devemos nos esforçar para “viver em paz com todos” (Hebreus 12.14).
Muitas vezes, as divisões que acontecem entre as grandes famílias não são porque um membro descrente da família decide perseguir um cristão. Mas porque um cristão decide ir em frente e separar o joio do trigo, em vez de esperar o dia do Julgamento Final (Mateus 13.19-30). Sim, o evangelho expõe o pecado, mas o faz estrategicamente, apontando para Cristo. Hostilizar todos os descrentes da família na mesa de jantar porque eles pensam ou parecem com descrentes não é o caminho
Alguns cristãos pensam que a sua beligerância é, na verdade, um sinal de santidade. Eles saem da mesa no natal dizendo “vejam, se você não está enfrentando oposição, então você não está com Cristo!”. Às vezes, é claro, divisões devem vir. Mas pense nas qualificações que Jesus visa nos pastores da sua igreja. Eles não devem ser “briguentos”, mas sim “ter boa reputação perante os de fora” (1 Timóteo 3.3,7). Isso está na mesma lista de não ser um herege ou um bêbado.
Sua presença deve transmitir paz e tranquilidade. O evangelho que você acredita é que pode ser o que causa separação. Esta é a grande diferença.

2)
Honra. A Escritura nos dias para temer a Deus, para obedecer ao rei e para honrar (perceba isso) a todos (1 Pedro 2.17). Se seus pais são os sumo-sacerdotes na igreja de Satanás, eles ainda são seus pais. Se a sua prima Bete toma uns goles de vodka no carro dela, apenas para disfarçar os efeitos colaterais da cocaína, bem, ela ainda carrega a imagem do Deus que você adora.

Você não pode fazer a vontade de Deus se opondo à vontade de Deus. Ou seja, você não pode evangelizar desonrando pai e mãe, ou desrespeitando os portadores da imagem de Deus. Ore a Deus para que Ele te mostre as formas em que aqueles em sua vida que são dignos de honra e ensine a seus filhos a seguirem seu exemplo, ao mostrar a eles respeito e gratidão.
3) Humildade. Parte da razão pela qual alguns cristãos têm tanta dificuldade com os incrédulos ou crentes não praticantes da família é este ponto. Eles vêm diferenças sobre Jesus como sendo do mesmo tipo (apenas em um grau diferente) que as nossas diferenças, digamos, sobre a guerra no Afeganistão, o futuro da Sarah Palin, ou a sequência de vitórias dos Saints neste ano. [N.T.: New OrleansSaints, time de futebol americano].
Muitas vezes a frustração não vem por causa do quanto os cristãos amam seus familiares, mas por quanto esses cristãos querem estar certos. O Arnaldo Jabor, o Reinaldo Azevedo e os debates de opiniões na TV podem valorizar a última palavra, mas nós não podemos.
Jesus nunca, nem uma única vez, procurou provar que estava certo, e ele foi acusado de várias coisas, desde ser um bêbado até um endemoniado. Ele rejeitou a tentação de Satanás para forçar uma vingança visível, esperando, ao invés, que Deus o vindicasse no tumulo vazio.
Muitas vezes cristãos se desviam para o satanismo nas festas porque nós, no fundo, nos orgulhamos por conhecer a verdade do evangelho. A raiva que você sente quando o tio Jaime diz o porquê de “muitos caminhos levarem a Deus” pode ser mais sobre o fato de que você querer estar certo do que você querer que ele seja salvo.
Além disso, nós muitas vezes esquecemos como nós viemos a conhecer Cristo em primeiro lugar. Não foi um ato de inteligência, como ser aceito em Harvard, ou algum esforço da vontade, como aprender a resolver um cubo mágico em 20 segundos. “O que você tem que não tenha recebido?”, o apóstolo Paulo nos pergunta, “E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?” (1 Coríntios 4.6-7)
Satanás quer destruir você por meio de sua maior falha, o orgulho (1 Pedro 5.7-9; 1 Timóteo 3.6). Ele não se importa se esse orgulho vem por meio de olhar em volta da mesa de jantar e calcular o quanto mais rico você é do que o segundo marido da sua prima, ou se vem pelo olhar ao redor da mesa e dizer “Obrigado Senhor porque não sou como esses publicanos”. O resultado final é o mesmo (Provérbios 29.23).
A menos que você esteja em uma família excepcionalmente santificada, você irá encontrar casamentos falidos, crises entre os pais e milhares de outros fragmentos da Queda. Se a sua resposta ao ver tudo isso é se inflar em orgulho, há um satanista na sua reunião familiar, e ele é você.

4)
 Maturidade. As escrituras nos dizem que se seguimos Jesus, vamos seguir o caminho que ele seguiu: que é através da tentação, do sofrimento, e finalmente, para a glória. Muitas vezes pensamos que essas tentações são momentos grandes e monumentais, mas elas raramente são.

Deus permitirá que você seja testado. Ele vai refinar você, trazê-lo à plenitude da maturidade em Cristo. Ele provavelmente não vai fazê-lo por meio de uma luta contra leões perante o imperador ou por você segurar uma placa com João 3.16 na frente de um tanque nas ruas de Pequim. Provavelmente, será através daqueles lugares de aparente pouca tentação – como se você vai amar aquele cunhado sentado na outra extremidade da mesa, arrotando o tempo todo, que quer te convencer de como os cubanos mataram John Kennedy e como ganhar R$200.000,00 por ano vendendo laxantes naturais na internet.
Algumas das tensões que os cristãos enfrentam nas festas de fim de ano não têm nada a ver com opressão de fora, mas com a imaturidade interna por parte dos próprios cristãos.
Tive jovens que me disseram que eram tratados como crianças quando eles iam para casa para ver a sua família. Seus pais ou seus sogros estão dizendo para onde ir, e por quanto tempo. Seus pais ou sogros estão estragando a criação de seus filhos (“Ah, qual é? Ele pode ver Duro de Matar! Não seja rígido demais!”). Alguns desses homens apenas cedem, e depois ficam reclamando, frustrados.
Às vezes, isso é porque a família é particularmente insistente. Mas, às vezes, a família trata o jovem como criança porque é assim que ele age durante todo o resto do ano. Não viva nem financeiramente nem emocionalmente dependendo dos pais ou sogros, passivamente estremecido em suas decisões sobre o futuro da família, e depois espere que eles o vejam como o cabeça da sua casa.
Seja um homem (se você é um). Tome decisões (incluindo decisões sobre onde, e por quanto tempo, você vai tirar férias). Ensine e discipline seus filhos. Seus familiares podem não gostar num primeiro momento, mas eles irão começar a respeitar o fato de que você está crescendo e levando a sua vida, adquirindo responsabilidades pelo que foi confiado a você.
5) Perspectiva. Lembre-se que você irá prestar contas sobre cada palavra, pensamento ou ação, inútil (ou seja, aparentemente pequenos, insignificantes, imperceptíveis) na ressurreição (Mateus 12.36). No tribunal do Senhor Jesus Cristo, você será responsabilizado pela forma como viveu o evangelho em todos os lugares para onde o Espírito te levou… incluindo a mesa de jantar da Tia Anastácia.
Russell Moore/ Traduzido por Marianna Brandão 

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