POR QUE A IGREJA PRECISA DE ARTISTAS (E VICE-VERSA)

27.1.15

É sexta-feira à noite. Um homem baixinho usando um suéter de gola preta e óculos de armações grossas explica a uma mulher de cabelo rosa a visão por trás de sua última coleção. Ela balança a cabeça quando contemplativamente observa os respingos propositais sobre a tela e puxa a manga da blusa que cobre as tatuagens em seu braço. Um grupo de pessoas observam outras 20 pinturas em exposição. Taças de vinho na mão, eles se misturam enquanto alguém dedilha um violão ao fundo. Eu continuo a rabiscar em um caderno.

Naquele mesmo fim de semana, um homem - cabelo cuidadosamente penteado, usando um terno azul-marinho - conclui o culto de domingo, convidando a igreja para orar. Os bancos estão cheios de cabeças baixas; nenhuma delas pertencia aos visitantes da galeria de sexta à noite. Uma vez que o "amém" final tinha sido proferido, olhei para o boletim da igreja.

Talvez seja apenas uma impressão por ser parte de uma comunidade cristã na América (EUA), mas as igrejas da região tendem a se concentrar em atingir grupos muito específicos de pessoas. Primeiro, você tem os caçadores; eles se escondem entre as árvores durante horas com a esperança de abater um cervo com o auxílio de camuflagem e um longo rifle. Em seguida, há os artesãos. Cupcakes e papel cartão preenchem seu vocabulário, e pra ser sincero, estou com inveja de suas proezas na cozinha. Finalmente, há os atletas. Duas palavras sobre eles: Tim Tebow. Então, quando eu olhei para o boletim da igreja, eu encontrei atividades previsíveis da semana. Há uma exposição ao ar livre para os caçadores nas noites de terça-feira, com "aperitivos selvagens", música country, uma competição de tiro e uma exposição armas e facas. Na quarta-feira, o ministério das mulheres está reunido para a oração e receitas encontradas no Pinterest. Em seguida, na quinta-feira, um atleta de faculdade local está vindo para falar com grupos dos homens sobre as semelhanças entre o futebol e a caminhada com Cristo.

A igreja tem feito um trabalho fantástico para alcançar esses grupos, bem como os outros, promovendo um senso de comunidade através da organização de atividades e eventos que têm a capacidade de atrair não só os membros da igreja, mas também as pessoas "do lado de fora." E estes acontecimentos são geralmente fáceis de planejar porque já existe um número de pessoas dentro da igreja que são apaixonados por essas coisas, seja esportes, artesanato, caça, e assim por diante. Mas há uma falta de visão no que se refere em alcançar pessoas fora da igreja que têm interesses divergentes dos da maioria dos cristãos - em especial, a comunidade artística.

Como uma artista nas horas vagas e colunista sobre cultura em uma revista on-line local, eu entendo. As pessoas com quem eu me socializo na sexta-feira e sábado à noite em galerias e salas de teatros alternativos podem parecer um pouco intimidante. Eles podem ter mais algumas tatuagens visíveis do que você está acostumado a ver em uma manhã de domingo. O mesmo vale para piercings. Normalmente, suas mãos estão cobertas de vários tipos de materiais - argila, acrílicos, giz. Você provavelmente não vai ouvir o termo "ressurreição" dito no meio de uma exibição de arte moderna, a menos que seja no contexto de uma "ressurreição de inspiração Warholian." Suas casas são decoradas com papel de parede em estampas pouco convencionai. O mesmo vale para o seu gosto para roupas.
Simplificando, a comunidade artística é artística de forma não convencional, e algumas igrejas estão relutantes em estender a mão para ela.

Tudo isso realmente se resume em incerteza. A incerteza sobre o povo. Incerteza sobre como chegar. Incerteza sobre como discipliná-los de forma adequada.

Como cristãos, somos chamados para ministrar aos confins da terra. No entanto, estamos constantemente interpretando esses lugares como aqueles que levam 7 horas de voo para se chegar lá, e por causa dessa visão, nós estamos cegos para as necessidades em nossa própria cidade.

Então como é que nossas igrejas vão chegar a comunidade das artes? Ela deveria começar primeiramente a dar uma olhada dentro da igreja. Verifique se há algum estudante de arte solitário que pode ajudar em um ministério na faculdade . Melhor ainda, olhe para os campus universitários locais e convide todo o departamento de artes para fazer uma apresentação. Planeja para o seu pequeno grupo de estudo bíblico, uma ida a uma produção de teatro da comunidade para apoiar as artes locais. Dê uma olhada no material da galeria das igrejas. Crie laços. Convide um escultor / pintor / fotógrafo para fazer uma demonstração ou aprendizes - e, em seguida, incorpore uma mensagem sobre como Deus nos deu a criatividade, e como Ele ama nos ver usando usando ela.

Este último ponto cria laços em como discipular artistas adequadamente. Nosso Deus é um Deus criador, basta olhar para o mundo que nos rodeia. A criatividade humana e a arte são referenciados ao longo da Bíblia, de Adão nomear todas as criaturas, a incorporação de "tamborins e danças" em adoração (Salmo 150: 4). Incentive os artistas em sua igreja para usar seus dons como uma forma de refletir a Deus, e como uma maneira de mostrar a Sua grandeza para o mundo.

Há um mundo inteiro cheio de artistas - pessoas criativas que têm muitos talentos surpreendentes, exclusivamente dados por Deus, que precisam de Jesus, tanto como os caçadores, artesãos e atletas. E eles estão esperando do lado de fora da zona de conforto da igreja.


Texto: Ashlie Danielle Stevens
Tradução: Evana Andrielli
Original aqui

1 comentários

  1. Deus é tão artista né?! Que criador que nosso Deus é. Aleluia.
    Precisamos alcançar mais lugares pelo reino e a área artística é uma delas.
    Como C.S Lewis que saiu do quadrado, mas sem perder a essência.
    E encantou, influenciou várias gerações com seu dom.

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