Fiquei aliviada por encontrar um lugar vazio na parte dianteira do “busão”. Sentei-me, pronta para cochilar. Não consegui pegar no sono, ônibus estava diferente do normal. Tocava uma música sertaneja e o motorista conversava alegremente com o trocador. Os dois sorriam no refrão da música. Enquanto um gritava “êe trem xonado”, o outro completava “essa canção é para corações apaixonados”. Olhei admirada para os dois e sorri disfarçadamente.
Uma mulher se levantou e pediu ao motorista para descer fora do ponto, porque estava atrasada. O motorista sorriu em sua direção e abriu a porta. Quando ela ainda descia as escadas, ele despediu: “Vá com Deus”. Fechou a porta do ônibus e voltou a cantar. Os dois sorriam e cantavam. Achei a cena tão atípica que prendi minha atenção a eles. Fiquei acordada ouvindo-os contar velhas histórias.
O percurso sempre foi tedioso e longo, mas dessa vez pareceu-me curtos minutos a trajetória entre o trabalho e minha casa. Estive pensando a respeito do comportamento do motorista e do trocador. Os dois ficaram sujeitos a mesma situação de todos que estavam ali: stress, cansaço e rotina, no entanto trabalhavam bem humorados e sorridentes.
Não é porque o tráfego está congestionado, ou você tem mil contas a pagar, que o mau humor deve tomar conta da sua vida. Você pode escolher como se comportar no dia a dia. Seu trabalho pode ser um simples cumprimento de obrigação ou um lugar onde você se diverte e as pessoas ao seu lado se sentem bem-vindas. Não deixe que sua rotina fique maçante e cheia de enfado, Deus te criou para viver uma vida plena.
Jesus tinha um mundo para salvar, mas enquanto cumpriu seu chamado na terra, ele foi a casamentos, observou as flores e conversou com amigos. Ele poderia ter realizado sua missão com aflição e por obrigação, mas ele fez amigos na terra, chorou na morte de Lázaro e sorriu ao ver as crianças se aproximarem. Deixe a vida de Cristo fazer parte da sua rotina, do seu trabalho e da sua família e nada disso será um enfado.
Texto: Érica Fernandes