REVOLT

4.11.14

A eletricidade está no ar. Qualquer coisa dita pode virar uma avalanche de opiniões e impropérios, seja nos papos pela cidade ou no mundo virtual. As faíscas estão saindo a toda hora e incendiando as conversas, queimando pontes, fazendo um fumacê incrível e todo mundo parece precisar botar a raiva pra fora.

Afinal, raiva do quê?

Desde que o povo tomou as ruas no ano passado para reclamar de tudo o que lhe incomodava, o que me pareceu absolutamente digno e razoável, temos que fazer isto mesmo, duas coisas me chamaram a atenção: a falta de propostas claras e a necessidade de viver uma revolta o que, de fato, não se comprova na realidade. O movimento era grande e comovente, mas quem ia às ruas pedir por mudanças acabou, no ano seguinte, votando para tudo continuar igual. Mas havia um quê de romantismo no ar, de estarmos vivendo uma época de grande engajamento, de gente sendo presa por lutar pelos ideias e coisa e tal. Só que estas mesmas “lideranças” não viraram candidatos com propostas claras e atitudes propositivas. É isto. A leitura que fiz é de que há um espírito reativo muito claro no ar de nosso tempo. Reage-se a tudo com veemência mas os discursos são muito inflamados e não duram muito. Fogo de palha? Um bom início a ser desenvolvido? O tempo dirá.
Nas intimidades a coisa se repete. Como é fácil manifestar o que lhe desagrada e como é difícil se declarar ao que lhe parece irresistível. Nas bios que as pessoas escrevem nas redes sociais parece haver um consenso: todo mundo é casca grossa e está pronto para bater boca. Ainda que no Facebook todo mundo queira parecer feliz. Mas são, e isto é claro, todos muito exigentes. Pelo menos com os outros.
O mundo gasta 300 vezes mais em armamento bélico do que em educação. Será que isto é o começo da explicação? Assumir o que lhe dá prazer, lutar pelo que lhe parece bonito e admirável, promover o sorriso, o amor, a flor, a poesia, parece coisa de hippie? É bobo? Será? Talvez seja a hora de fazermos a revolução de dentro para fora. Mudar o mundo mudando a gente. Com alegria e prazer.

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É preciso ter algum senso de estética para se construir um sonho. Para colorir este sonho. E depois tentar fazer, deste sonho, algo real. Não importa se muitos vão acreditar nele ou achá-lo interessante. Mas é preciso amar alguma coisa ou alguém para se poder dizer dono de alguma postura, ou atitude. Odiar, superficialmente não é nem uma postura. É só uma pose. O brasileiro, enfim, já foi muito mais cordial, afável e gentil. Esta sim era uma bela postura.


Eu acredito no amor. Sem reserva.


Leo Jaime

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