CONHEÇA BELFAST, A CIDADE QUE INSPIROU C.S LEWIS

26.11.14

C.S Lewis nasceu em Belfast, Irlanda, em 1898, filho de um advogado e da filha de um pastor. A Família Lewis morava na zona leste de Belfast , embora a maioria das biografias se refira à Família Lewis residindo no endereço “Dundela Avenue, 47”, um censo da época a registra morando à “Dundella Avenue, 21”.

'Lewis era irlandês', um fato que parece ter sido muitas vezes esquecido pelo resto do mundo, se referindo a ele quase sempre como um escritor inglês. As lembranças de sua terra natal, sempre o acompanharam e marcaram o seu trabalho durante toda a sua vida. Numa carta de 1915, Lewis carinhosamente evoca suas recordações de Belfast: “o distante murmurar dos ‘estaleiros’, a grande extensão de Belfast Lough, Cave Hill Mountain e os pequenos vales, prados e colinas em volta da cidade”.

Alister McGranth, autor de uma das mais famosas biografias sobre o escritor, explica o que a Irlanda significava para Lewis: 

"A irlanda de Lewis era muito mais do que suas “suaves colinas”. Sua cultura era marcada por uma paixão em contar histórias, evidenciada em sua mitologia bem como nas narrativas históricas e em seu amor pela língua. Mas Lewis nunca transformou suas raízes irlandesas num fetiche. elas simplesmente faziam parte de quem ele era, sem serem sua característica definidora. Até mesmo no final da década de 1950, Lewis se referia regularmente à Irlanda como sua “terra natal”, chamando-a de “meu país”, e até optou por passar lá sua tardia lua-de-mel com Joy Davidman em abril de 1958. Lewis havia inalado o ar suave e úmido de sua terra natal, e nunca se esqueceu de sua beleza natural. (...) Cave Hill Mountain e Giant’s Causeway de Belfast parecem todos ter seus equivalentes em Nárnia — talvez mais suaves e mais brilhantes do que os originais, mas ainda assim mostrando algo de sua influência. Lewis referiu-se com frequência à Irlanda como fonte de inspiração literária, observando a maneira de suas paisagens estimularem poderosamente a imaginação. ele não gostava da política irlandesa e tendia a imaginar uma Irlanda pastoril formada apenas por suaves colinas, névoas, lagos e florestas."  A VIDA DE C.S LEWIS - Do Ateísmo às Terras de Nárnia, página 29.

As paisagens de sua infância e a paixão por livros foram inquestionavelmente as influências que moldaram a fértil imaginação de Lewis. Em 1905, ele e sua família mudaram para uma grande casa nos arredores de Belfast, a “Leeborough House”, chamada por seus moradores simplesmente “Little Lea”. A casa era cheia de longos corredores, cômodos vazios e uma grande biblioteca, e Lewis e seu irmão inventavam mundos de faz de conta enquanto exploravam sua residência. Os dois irmãos registraram parte disso por escrito. Lewis escreveu sobre animais falantes em “Animal Land” [Terra dos Animais], e Warnie escreveu sobre a “Índia” (mais tarde associada com a igualmente imaginária terra de Boxen). 

A família Lewis em Little Lea, em 1905. Na fileira de trás (da esquerda para a direita): Agnes Lewis (tia), duas empregadas domésticas, Flora Lewis (mãe). Na fileira da frente (da esquerda para a direita): Warnie, C. S. Lewis, Leonard Lewis (primo), Eileen Lewis (prima) e Albert Lewis, segurando Nero (o cão).

A "Little Lea" não é aberta para visitação, mas se estiver passando por Belfast e quiser só tirar uma foto dela, ela fica na 76 Circular Road.

Andar por Belfast é entrar no mundo particular de Lewis, cada prédio, cada rua tem alguma história para contar. 

Em se tratando de construções, a cidade possui várias delas que merecem ser visitadas, como a Campbell College  onde Lewis estudou por um breve tempo. 

Campbell College

A Igreja de St.Mark's em Dundela, é parada obrigatória na cidade. Foi lá onde seus pais se conheceram e em janeiro de 1899 o próprio Lewis foi batizado por seu avô, o Rev.Thomas Hamilton. Dentro dela há um lindo vitral dedicado à memória dos pais de Lewis.

A inscrição em latim abaixo da janela é traduzido: Para a maior glória de Deus e dedicado à memória de Albert James Lewis, que morreu no 25 de setembro de 1929, com idade entre 67 e também de sua esposa, Flora Augusta Hamilton, que morreu no 23 de agosto de 1908, 47 anos.

Outro lugar bem interessante para conhecer em Belfast é o Titanic Quarter, um museu gigantesco construído no mesmo local onde o navio Titanic foi construído. Acho que provavelmente a maioria de vocês vão se lembrar que no início do filme Titanic, o amigo irlandês de Jack, faz questão de dizer que o navio foi feito por centenas de irlandeses, o que faz dele muito importante para a história da cidade. 


O projeto arquitetônico foi feito mesmo para chamar a atenção dos visitantes. Seu exterior lembra as proas de um navio, mas após algumas pessoas observarem que o prédio lembrava um iceberg, ele foi renomeado pelos moradores de “The Iceberg“. O prédio do museu foi feito com 3.000 placas individuais de alumínio e tem 38 metros de altura, a mesma do casco do Titanic. Pelo espaço, existem galerias que exploram os aspectos do prédio e do Titanic. Contam a história desde sua concepção até construção, lançamento, sobre a viagem inaugural e o acidente. São várias fotos, videos e partes interativas. No último andar, fica um centro de conferências - que é o maior espaço de recepção e eventos de Belfast – e lá, os visitantes vêem uma réplica da escada encontrada no interior do barco (e famosa pelo filme de James Cameron).

Sabe aquela história em que o mundo é mesmo um lugar pequeno e de que alguma forma todas as coisas estão ligadas? Já não suficiente toda a importância histórica do Titanic para Belfast, o navio de alguma forma faz parte da história da própria família de C.S Lewis, como explica McGranth:

"O avô paterno de Lewis, Richard Lewis, era um caldeireiro galês que havia emigrado para Cork com sua esposa de Liverpool no início da década de 1850. Logo depois do nascimento de Albert, a família Lewis mudou-se para a cidade industrial de Belfast, no norte, para que Richard pudesse entrar em sociedade com John H. Macilwaine para formar a bem-sucedida empresa Macilwaine, Lewis & Co., Engineers and Iron Ship Builders.
O mais interessante dos navios construídos por essa pequena companhia talvez tenha sido o Titanic original — um pequeno barco a vapor construído em 1888, pesando apenas 1.608 toneladas. No entanto, a indústria de construção naval de Belfast passava por mudanças na década de 1880, com os estaleiros de Harland & Wolff e de Workman Clark alcançando o predomínio comercial. Tornou-se cada vez mais difícil para os “pequenos estaleiros” obter sua sobrevivência econômica. em 1894, Workman Clark assumiu o controle da Macilwaine, Lewis & Co. A versão muito mais famosa do Titanic — também construída em Belfast — foi lançada em 1911 pelos estaleiros da Harland & Wolff, pesando 26 mil toneladas. Todavia, enquanto o famoso transatlântico afundou em sua viagem inaugural em 1912, o navio muito menor da Macilwaine & Lewis continuou percorrendo regularmente sua rota comercial em águas da América do sul sob outros nomes até 1928."

Ainda como parte das homenagens que a cidade oferece ao seu morador ilustre, no centro de Belfast na frente da Holywood Arches Library, há uma estátua inspirada no personagem Digory Kirke, que fez o guarda-roupa de uma bela árvore de maçã que tinha propriedades mágicas.



A minha última dica pra quem vai visitar Belfast é o C.S Lewis Festival. A segunda edição desse festival que acontece em Belfast de 20 a 23 de novembro, celebra tanto a sua vida quanto o seu legado para o mundo. Haverá eventos ao ar livre da família, exibições de filmes, exposições de arte, passeios, workshops e leituras. Esta é uma oportunidade fantástica para os moradores e visitantes para celebrar o escritor mais famoso e popular de Belfast.

Confira a programação completa aqui 

Ainda há muito mais o que falar dessa cidade, cheia de histórias por onde se passa, mas não vou estragar a surpresa contando tudo aqui, é preciso descobrir Belfast por si mesmo. Então, não deixe de colocar ela na sua lista de destinos para a próxima viagem ok?



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